Alerta inteligência artificial: as imagens deste artigo não foram criadas por humanos
Escrito por: Luciano Mathias - CCO da TRIO
Algumas tecnologias surgem e dividem o mundo literalmente entre antes e depois. Eu me lembro da primeira vez que tive a experiência com certos aplicativos que trouxeram inovação além do que imaginávamos. O ICQ, um programa de comunicação instantânea, foi um deles, além do primeiro vídeo que eu assisti no YouTube e quando chamei meu primeiro Uber. A sensação era de empolgação e de que novas possibilidades foram desbloqueadas para um mundo novo. Este mesmo sentimento se repetiu quando descobri a DALL-E, um dos produtos mais interessantes e cativantes que vi nos últimos tempos.
Criada pela OpenAI, uma empresa de São Francisco, cuja missão é criar inteligência artificial segura e útil, a tecnologia do DALL-E – uma junção do mestre do surrealismo Salvador Dalí e o personagem WALL-E da Pixar, tem o objetivo de pegar prompts de texto, ou seja, sinais gráficos emitidos por programas de computador, e gerar imagens a partir deles.
A primeira versão da ferramenta foi lançada em 2021 e era limitada a quadros de 256×256 pixels. Já a segunda versão, lançada como beta em abril de 2022, avançou para 1024×1024 pixels, junto de novas técnicas como a “inpainting”, que substitui um ou mais elementos de uma imagem por outros, como por exemplo, tirar uma foto de um astronauta em cima de um cavalo e substituir o animal por um touro – ou qualquer outra edição que a criatividade do usuário permita.
Ao criar uma conta, a OpenAI faz com que você concorde com a política de conteúdo do DALL-E, projetada para evitar abusos na plataforma, como reprodução de ódio, assédio, violência, sexo ou nudez. A empresa também pede ao usuário que não crie imagens relacionadas a política ou políticos. Outro detalhe importante a ressaltar, é que um dos cofundadores da OpenAI foi Elon Musk, famoso não somente pela Tesla e SpaceX, mas também por suas polêmicas no Twitter. O empresário deixou o conselho em 2018.
De modo a evitar possíveis problemas, a plataforma está atenta à criação de imagens suspeitas, colocando algumas obras em lista de bloqueio dependendo das palavras-chaves utilizadas. Além disso, os artistas não possuem permissão para criar ideias destinadas a enganar pessoas ou difamar a imagem de celebridades (como os deepfakes, por exemplo). E embora não haja proibição de tentar fazer imagens baseadas em figuras públicas, não é possível fazer upload de fotos de pessoas sem a permissão delas, já que a tecnologia automaticamente borra levemente os rostos para deixar claro que foram manipuladas.
Com uma interface extremamente simples, é a ferramenta de inteligência artificial de geração de imagens mais avançada que vi, mas não a única. Outras com o mesmo conceito são a Midjourney, que também está em fase de teste. E o Google também anunciou uma plataforma de IA chamada Imagen.
O mercado preocupa-se com o impacto da automação no trabalho de ilustradores e designers profissionais. Alguns empregos podem ser perdidos, mas ao mesmo tempo, quanto esse tipo de tecnologia facilitaria o fluxo de trabalho do setor? Imagine pedir que a DALL-E esboce alguns conceitos de imagens logo no início de um projeto, que poderiam servir como fonte de inspiração a partir da inteligência artificial. Algo super moderno e útil.
Todavia, é válido considerar o potencial criativo disso para empresas que nunca pensariam (ou não poderiam pagar) na contratação de um ilustrador. O analista de negócios Ben Thompson escreveu num artigo sobre como isso poderia ser usado para criar ambientes e objetos sendo um ótimo custo benefício nos metaversos existentes.
Por enquanto, a tecnologia parece como um novo avanço na história do consumo. Ficaremos atentos com o desenrolar deste assunto para que seja aproveitado com ética e bom senso.
Imagens: DALL-E, fonte: olhardigital.com.br
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