A audição, a fala e a escrita são requisitos primordiais de desenvolvimento e necessitam de atenção desde a infância até a fase adulta. Esse cuidado é norteador do trabalho de profissionais da Fonoaudiologia, cujo ofício é reconhecido nacionalmente nesta sexta-feira, 9 de dezembro. A categoria atua na habilitação e na reabilitação de pacientes por meio de ações humanizadas em diversos equipamentos da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
Em diversos equipamentos, os profissionais estão inseridos em equipes multidisciplinares nos eixos neonatal, pediátrico e adulto. É o caso do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Dez fonoaudiólogas estão distribuídas nas três frentes e realizam, em média, 850 atendimentos mensais.
“O objetivo é colaborar com a prevenção do risco de broncoaspiração, bem como prestar uma assistência fonoaudiológica individual para reabilitação orofacial com definição de via de alimentação segura”, sublinha a coordenadora do serviço, Havenna Portela.
São feitos, ainda, os testes da linguinha e do ouvidinho em recém-nascidos na Maternidade do HRN e nos bebês encaminhados dos municípios da região internados nas unidades de Cuidado Intermediário Convencional (Ucinco) e de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (Ucinca).
Rosemary Silva está há 26 anos no serviço de Fonoaudiologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade administrada pela Fundação Regional de Saúde do Estado (Funsaúde) e referência em diagnóstico e tratamento de doenças auditivas. A motivação pela graduação na área, ela conta, foi inicialmente por questões pessoais. “Muito por causa da minha mãe e dos meus tios, que são deficientes auditivos. Era uma forma de ajudá-los”, afirma.
Ainda hoje, a profissional se emociona com os pacientes atendidos no ambulatório. “Quando a gente põe o aparelho, alguns deles começam a chorar, dizendo que estão ouvindo bem. A gente chora junto também, não tem como”.
No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), 12 fonoaudiólogos atuam nos ambulatórios da estrutura, acompanhando pacientes acometidos por acidente vascular cerebral (AVC) e aqueles internados nas unidades de Cuidados Especiais (UCE), de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e na Pediatria. “Na UCE, o trabalho envolve o desmame de sonda com o prazer em se alimentar com pequenos volumes, mesmo que ainda mantendo o dispositivo como suporte nutricional. Para pacientes com AVC, focamos na reabilitação da fala e na dinâmica da deglutição para retirada da sonda de alimentação”, detalha Adriana Ítala, coordenadora do serviço de Fonoaudiologia do HGWA.
Atenção aos pequeninos
Além do olhar para a adequação do sistema sensório-motor oral dos bebês, esses profissionais promovem a deglutição segura, a triagem auditiva neonatal, e incentivam o aleitamento materno e a humanização do ambiente. Esta última característica, aliás, foi o que fez Suzy Evelyn Cunha Moraes largar a carreira nos Recursos Humanos para ser fonoaudióloga no Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA).
“Eu fiquei encantada”, diz a especialista ao lembrar da melhora do pai após sessões com uma fonoaudióloga. Suzy, então, ficou curiosa pela profissão e passou a estudá-la. “Eu lembro que pensei: ‘Quero isso pra mim, quero ajudar outras pessoas, quero ser para os outros o que ela foi pra mim’. Eu sou fonoaudióloga há um ano e meio”.
É no setor de Neonatologia onde a presença desses profissionais é ainda mais imprescindível. “Atendemos bebês prematuros com dificuldade de se alimentar e os apoiamos na amamentação”, explica a coordenadora da área no Hospital Geral Dr. César (HGCC), Kilvia Michelle de Lima Pinheiro Nogueira. Além disso, na unidade, também são realizadas as triagens neonatais da linguinha e da orelhinha.
Geovana é uma das pequenas pacientes assistidas. Há quase cinco meses internada na Unidade de Neonatologia do HGCC, a criança é acompanhada diariamente por fonoaudiólogos que integram a equipe de cuidados multiprofissionais.
Para a mãe da menina, a dona de casa Letícia Mesquita Sousa, de 23 anos, a prática exercida por cada profissional é essencial na recuperação da filha. “Acredito que todos esses especialistas, principalmente as fonoaudiólogas, são de grande importância. Eles (os bebês) dependem muito, e acho que está dando certo”, avalia.
A atenção à primeira infância e à adolescência é atividade primordial no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias). Nove fonoaudiólogos realizam, mensalmente, cerca de 500 atendimentos no equipamento. “A nossa atuação transforma vidas. Há quem chegue aqui sem perspectiva de se comunicar bem e de se alimentar por via oral. Contribuir para mudar essa realidade para melhor é o nosso maior trunfo”, ressalta Aynara Bernardino, coordenadora da Fonoaudiologia do Hias.
De acordo com Bernardino, dentre os quadros mais frequentes vivenciados no hospital, destacam-se as condições relacionadas à prematuridade, à pós-intubação e à traqueostomização, além de más-formações congênitas/adquiridas e síndromes diversas. “Nesse cenário, fazemos diagnósticos auditivos, estimulação precoce e acompanhamos a evolução da habilidade de se alimentar”, exemplifica.
Reabilitação e comunicação
Na Casa de Cuidados do Ceará (CCC), a equipe de Fonoaudiologia assiste pacientes com distúrbios da comunicação, como afasia, disartria (fraqueza nos músculos usados para a fala) e disfagia (dificuldade de deglutição).
“Avaliamos o paciente e gerenciamos a deglutição de maneira segura, com o objetivo de prevenir e diminuir os riscos de broncoaspiração (problema causado na aspiração de maneira involuntária por alimentos presentes nas vias aéreas), reduzindo o tempo de internação e melhorando a qualidade de vida de pacientes e seus familiares”, pontua Cintia Oliveira, fonoaudióloga da unidade.
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